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O que está por trás do que falamos...



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Ana Singule A vida toda, gente passa repetindo coisas que ouviu desde a infância e poucas vezes pára para pensar no que está falando. Este é o caso, bem freqüente, dos ditos populares. Cresci junto a uma avó que pontuava sua conversa com coloridas expressões populares e sábios provérbios. Esta fala incorporou-se ao meu discurso pessoal e acabei passando para meus filhos esta linguagem colorida. Mas... O que está por trás do que falamos?

Escolhi alguns ditos populares que são fartamente ouvidos aqui e ali e, com a ajuda do saudoso Câmara Cascudo, levantei o véu para saber o que estava na sua origem. Há várias versões para alguns desses ditos e optei por aquela que apresenta mais fundamentos históricos.

"Você vai se casar com um fulano sem eira nem beira!"

As casas do Brasil Colonial possuíam telhado formado por três linhas de telhas sobrepostas. Quando chovia, estes planos lançavam as águas para a rua e para o fundo do terreno. Abaixo do telhado, havia detalhes, chamados de eira, beira e entrebeira, que serviam não só como adorno, mas também para distinguir as diferentes classes sociais dos proprietários. Quanto mais detalhes, mais rico o dono da casa. Assim, uma casa que não tivesse eira nem beira mostrava a condição humilde de seu dono!

"Êta trabalhinho feito em cima das coxas!"

As telhas das casas do Brasil colonial eram fabricadas pelos escravos. Como modelavam o barro nas coxas para obter peças no formato de canal, o resultado era pouco uniforme e o telhado ficava torto, com jeito de mal-feito. Daí a expressão designar um trabalho imperfeito, sem cuidado.

"Este é o tipo de promessa só para inglês ver!"

Em 1824, durante o período de reconhecimento da nossa independência, os ingleses deram ao Brasil um prazo de sete anos para abolir o tráfico negreiro. Em 1831, quando ia expirar o prazo dado pelos ingleses, o Padre Feijó, então Ministro da Justiça, elaborou uma lei tão confusa sobre o julgamento e as penas impostas aos traficantes de escravos que a sua aplicação era inviável. Nasce, aí, a expressão "para inglês ver", significando algo que visa apenas às aparências.

"Vai tomar banho!"

Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore para limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com freqüência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho". Quando alguém aborrece a nossa paciência, repetimos a mesma frase!

"Eles que são brancos, que se entendam!"

Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos, que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos. Depois disso, a expressão tornou-se frase feita, repetida pelo povo sempre que alguém não quer tomar partido em determinada questão.

"A dar com o pau"

O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, para isso, deixavam de comer. Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu para o estômago dos infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão para significar em abundância, em quantidade.


Pois é, gente... Tudo que é dito tem uma história por trás e cabe aos curiosos, como eu, meter a mão na cumbuca. Mas essa já é outra história e fica para depois!

 

Ana Singule é nascida no Rio e mora em São Paulo há 20 anos, sem nunca ter perdido seu sotaque e jeito carioca. É formada em Letras pela PUC/RJ, fez Mestrado em Literatura Ibero-americana Comparada na UNAM, no México e é doutoranda em Antropologia Social pela USP. Desde 1983, é Tradutora Juramentada. Seus idiomas são o português, o espanhol e o inglês. Participou da coletânea de contos: "Contos de Oficina 6", organizada pelo escritor gaúcho Luiz Antônio Assis Brasil.

This article was originally published in Сcaps Newsletter (http://www.ccaps.net)









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